Exposição by Laces and Hair: "A eternidade e o ponto absoluto"




Sandra Lapage
Transformo materiais reciclados e descartados—predominantemente cápsulas de café cortadas à mão e abertas manualmente, doadas e reaproveitadas por comunidades locais—em esculturas dinâmicas e assemblages. Meu trabalho desfoca as fronteiras entre escultura, instalação e performance: cada peça é concebida como um objeto vivo e maleável que pode ser usado, rearranjado ou experienciado por meio de foto-performances imersivas.
O engajamento tátil com esses materiais cotidianos é central para a minha prática. O ato do trabalho manual torna-se um processo meditativo, no qual a repetição e a fisicalidade convidam a uma conexão profunda, quase ritualística, com o mundo material. Nesse espaço de rendição focada, deliberadamente afrouxo o controle rígido—não como um convite ao acaso, mas como uma estratégia disciplinada para transcender minhas próprias limitações pré-concebidas. É nesse contexto que o processo criativo se desdobra, dando origem a formas biomórficas inesperadas que ecoam os ritmos naturais do crescimento e da decadência.
Trabalhando em uma escala que torna palpável a questão do excesso, minha prática interroga o consumo moderno e a cultura do desperdício. Ao elevar o que normalmente é considerado descartável, desafio as noções convencionais de luxo, status e valor. Em uma era na qual a sustentabilidade ambiental não é apenas um ideal, mas uma necessidade urgente, meu trabalho contribui para o diálogo mais amplo sobre ecoarte e práticas sustentáveis. É um convite para repensarmos nossa relação com os objetos cotidianos e reimaginá-los como agentes de transformação e renovação.
Além disso, acredito que modos alternativos de conhecimento—instinto, intuição, expansão da mente e mitos indígenas (abordados não como apropriação, mas como caminhos para desafiar as premissas ocidentais que herdei)—são ferramentas vitais em um mundo frequentemente limitado pela pura racionalidade e pela hiper-especialização. Ao engajar-me conscientemente com o inesperado, o acidental e o fruto da serendipidade, transformo potenciais erros em novas possibilidades criativas, reforçando meu compromisso com um trabalho que questiona a certeza e abraça o desconhecido.
BIO
Sandra Lapage vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Ela é beneficiária de uma bolsa da Fundação Pollock-Krasner 2022–2023, recebeu a Repaint History Artist Fund em 2021 e a bolsa MYMA em 2024. Sandra obteve seu MFA pelo Maine College of Art em 2013 e já exibiu seu trabalho no Brasil, na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos. Exposições notáveis incluem mostras no Museu de Arte de Ribeirão Preto, na Embaixada do Brasil em Bruxelas, no Centro Cultural São Paulo, no Museu de Arte de Blumenau, no A60 Contemporary Artspace (Milão), na Kunsthalle am Hamburguer Platz (Berlim), no Museu CICA (Coreia), na Royal Society of American Art (Nova Iorque) e no Pavilhão das Culturas Brasileiras durante a São Paulo Fashion Week. Em 2022, ela participou da Trienal de Ex-Alunos no Institute of Contemporary Art, em Portland, e criou uma instalação site-specific para os escritórios da Meta em São Paulo. Exposições individuais recentes incluem o Complexo Cultural Funarte São Paulo, Universidade Estadual de Londrina (2023) e Kapow Gallery (Nova York/2024), e exposições coletivas na Galerie Salon H (Paris), no Eduardo Fernandes (São Paulo) e na Galeria Refresco (Rio de Janeiro).
Sandra foi premiada duas vezes com a bolsa Odyssée, além de ter recebido a bolsa de viagem do Lighton Foundation Artist Exchange Program, o que possibilitou residências em instituições como a Fondation Château Mercier (Suíça) e o Château de Goutelas (França). Ela também foi residente na NARS Foundation (Nova Iorque), no Massachusetts Museum of Contemporary Art, na Bogliasco Foundation e no Art OMI. Seu trabalho já foi apresentado na Artishok Revista (Chile), na Artmarket Magazine, na Friend of the Artist, na Create Magazine e nas séries de TV “um.artista” e “_bases SESI Lab”, no Canal Arte1, Brasil.
Além disso, ela atuou como artista visitante na Tyler School of Art e no Maine College of Art, nos Estados Unidos.



SCI-FI RURAL
Detrás de moitas e matos altos vistos da fazenda, surgem seres misteriosos que se assemelham a pássaros. Com pernas longas e corpos envidraçados, muitas vezes prateados, estes seres alienígenas se adaptam rapidamente à vida na Terra. Teriam eles vindo em missão de paz? Ou seriam uma ameaça à nossa existência? Essa é a história de SCI-FI RURAL, uma coleção de TOMAZICABRAL + MICHELL LOTT, que materializa pássaros intergalácticos em objetos colecionáveis, de tiragem limitada.
Esculturas e itens funcionais, que perpetuam a manualidade através do vidro soprado e da serralheria, desdobram a pesquisa de biomas extraterrestres de Nicole Tomazi e Sergio Cabral, passam a habitar a Fazendinha Cósmica, ateliê de Michell Lott, em uma instalação rural-futurista que imagina a adaptação de vida alienígena em solo terráqueo.
Fotos Rui Teixeira
Tomazi Cabral
Juntos, desde 2019, os designers Nicole Tomazi e Sergio Cabral se uniram para expressar, por meio da arte e da poesia, sua forma de viver e ver o mundo.
Com talentos e habilidades complementares, têm na liberdade criativa um ponto de intersecção.
O duo, através da potência de sua criatividade, explora diversas estéticas e abordagens, onde a materialidade e o artesanal e a experimentação assumem forte identidade no desenvolvimento de edições limitadas de peças, bem como nas instalações e obras artísticas.


Ruy Teixeira
O primeiro contato de Ruy Teixeira com a fotografia acontece aos seis anos de idade no laboratório de seu avô. O encanto da luz vermelha projetada sobre papéis brancos que revelavam imagens escondidas restou imagem latente na memória.
Em 1979 mora em Londres onde reencontra a fotografia. Na volta ao Brasil, passa a cursar jornalismo. Começa sua carreira de fotógrafo, trabalhando com fotojornalismo, junto à agência Angular, cobrindo matérias para revistas como IstoÉ, Veja, Visão, entre outras.
Em 1986 parte para uma nova experiência europeia, que acabaram se transformando em vinte-cinco anos. Por 10 anos atua no mundo da moda, trabalhando com Costanza Pascolato, Regina Guerreiro, Lilian Pacce, Paulo Martinez, Giovanni Bianco, Ocimar Versolato e outros brasileiros na Europa, além de circular no mercado europeu.
No final dos anos 90 deixa a moda e começa a se dedicar integralmente ao design e à arquitetura. Case da Abi tare, D della Repubblica, AD, Elle Decor (edições da Itália, França, Inglaterra, Alemanha, China), Maison di Marie Claire, T Magazine, Wallpaper, Grazia Casa, Interni, Vogue Alemã são algumas das revistas com as quais colabora in tensamente.
Ao longo da estadia europeia, realiza campanhas para as marcas: Pitti Filatti, Kartell, Natuzzi, Cassina, Marri ot, Conran Shop, Fendi Casa, Foscarini, Carpisa, Yamamay, Tom Dixon, Smythson, Hermès, Paul Smith, Dolce & Gab bana, Etro, Flexform, Harrods, Selfridges, IWS, Design Academy de Eindhoven entre outras.Ao mesmo tempo, colabo ra diretamente e realiza projetos com designers e arquitetos quais Patricia Urquiola, Tom Dixon, Gaetano Pesce, Fabio Novembre, Andrea Branzi, Ilse Crawford, Michele De Lucchi, Design Gallery, Nilufar, Li Edelkoort.
Em 2012, depois de vinte-cinco anos morando em Milão, retorna ao Brasil, enfocando o seu trabalho no de sign, arte e arquitetura brasileira. Neste período realiza livros, exposições, matéria e pesquisas que se unem ao trabalho realizado na Europa.
Publicou diversos livros sobre design e arte. Em 2018 com o Livro “Arte Popular, ponto de Vista Contemporâneo” ganhou o prêmio “Jaboti”, principal concurso de livros do Brasil. O último livro publicado é “Horizontes ampliados”, um ensaio fotográfico sobre design modernista.



Patricia Bigarelli
Sobre as monotipias
monotipias / pigmento em pó e água do Mar
As monotipias são seguidas por diálogos impressos de uma misteriosa justaposição de camadas em seu processo criativo há a presença de água do Mar de diferentes Oceanos. A artista coleta águas de Mares e Oceanos por onde passa a fim de construir e dialogar com a presente energia dessa base diluidora no contato com os pigmentos puros.
A técnica é composta por Pigmentos em pó e água do Mar.
A questão fundamental não é simplesmente explorar as potencialidades da cor e dos pigmentos em si mesmos, mas dar-lhes um novo sentido em que a capacidade de pesquisa se alie a um processo de despertar a sensibilidade do observador.
O progressivo esvaziamento da forma obtido leva a uma progressiva evolução no ato de lidar com as cores como um recurso plástico em que o que é pintado vale tanto por aquilo que se vê como por aquilo que se revela embora velado pelo processo de feitura de cada tela. Assim, a construção visual propriamente dita e a sugestão do trabalho efetivamente realizado caminham em paralelo. A artista, estabelece uma dinâmica própria, um ritmo musical se desprende de sua obras em uma harmonia que fala mais alto principalmente quando os tons forte de cores e ganham espaço para respirar entre si e dialogar com o olhar do observador.
Os trabalhos apresentados das M O N O T I P I A S são resultado de uma narrativa de um percurso progressivamente rico de texturas devido a seu processo de inúmeras camadas de cores sobrepostas uma a outra e cria a atmosfera onde dependendo a luz há uma sonoridade de cores que mudam ao longo da exposição a luz.
Sobre a artista
Patricia Bigarelli é uma artista visual, radicada em São Paulo (BR), com formação em Belas Artes pela Accademia di Belle Arti di Firenze (ITA).
A artista já teve seu trabalho representado pelas galerias Arvani Arte, D-Concept e Trapezio Galeria de Arte, ministrou oficinas e cursos de diferentes técnicas visuais como processos históricos fotográficos em unidades do Sesc, docente no Instituto Europeu de Design (IED) e no Instituto Hilda Hilst.
Seu trabalho busca discutir questões sociais e políticas, através da apropriação de imagens e objetos descartados que a artista coleta como uma exploradora, normalmente em locais decadentes e abandonados, a fim de reconstruir relações e ressignificar o sujeito e suas memórias.
A artista já teve seu trabalho exposto na SP ARTE / Feira Internacional de Arte de São Paulo (BR), no Salão aberto-paralela a Bienal em São Paulo (BR), e participou de mostras individuais e coletivas pelo País.






Marina Caverzan
Marina Caverzan nasceu em Leme (SP), 1981 Vive e trabalha em São Paulo (SP)-Brasil Graduada em Artes Visuais pela Faculdade Santa Marcelina (FASM), em São Paulo, Caverzan desenvolve uma obra que, em um primeiro olhar, a relacionamos ao construtivismo, com uma linguagem visual caracterizada pelo uso recorren te de formas geométricas, principalmente os triângulos e os círculos, por vezes fragmentados e interligados pela linha. Seu trabalho particulariza, atualiza e desafia o pensamento visual construtivo, a partir de provocações estéticas, éticas e filosóficas — incluindo questões de gênero — direciona das à tradição do abstracionismo geométrico ocidental. Sua pesquisa abrange diferentes campos do pensamen to humano, como a alquimia, matemática, física, arqui tetura e literatura, nos quais a racionalidade é confronta da — ou ampliada pelas dimensões do vazio, do etéreo e do esoterismo, a partir de uma forte carga simbólica. Caverzan utiliza também diferentes materiais e superfí cies, como o acrílico, a resina, vidro, silicone, espuma, led, explorando contrastes de luz, textura e diferentes planos. Essa abordagem material cria espaços que os cilam entre o visível e o oculto, adicionando uma dimen são simbólica e enigmática à sua produção artística.


Artur Rios
Desde sua infância esteve envolvido com arte, decidindo profissionalizar-se após sua formação em Artes Plásticas na universidade (UFBA). Tem sua pesquisa provinda de sua experiência com a fauna onde cresceu no interior da Bahia, sua coleção de imagens de animais selvagens que admirava, e de sua busca por autoconhecimento. O animal em suas pinturas abrange o simbólico e o literal. Olhar e lidar com um animal selvagem cutuca a nossa linguagem e capacidade de comunicação com o outro diferente, e também desperta nossa busca pelas similaridades. Num mundo excessivamente humano, onde este se caracteriza particularmente pela desconstrução do ambiente para que seus anseios encontrem espaço, a presença do animal selvagem soa como uma invasão. Raramente pensamos que invadimos o seu espaço, deflagrando a nossa peculiaridade colonizadora. De certa forma, é um exercício de alteridade e consciência ecológica. Na pintura tem representado também o ser humano focado no corpo feminino, mantendo uma coerência ao optar pela forma de um corpo diferente do próprio artista. O corpo humano se mostra em situações de simbiose com elementos naturais, tais como madeira, terra, pelos e outros animais, expressando um contato com a matéria primordial de forma até mesmo erótica.Em 2009, foi selecionado no edital ‘’Ed, o tal’’, para a realização de sua exposição individual ‘’Partículas Subatômicas’’ através do Theatro XVIII, em Salvador (BA). Participou de diversas exposições coletivas, dentre elas duas edições dos Salões de Artes Visuais da Bahia de 2014: Camaçari e Paulo Afonso, tendo sido premiado nesta última, e posteriormente participado da exposição de premiados dos Salões de Artes Visuais da Bahia no MAM, em Salvador (BA). Foi organizador, curador e expositor da coletiva “Almotolia’’, em 2014 no espaço BAHVNA, Salvador (BA). Em 2015, foi selecionado para participar do Circuito das Artes com duas pinturas. Participou com sua exposição “Zoomorfismo” no espaço Sobrado, Teresina – PI, em 2017. Em 2018, realizou sua exposição individual “Pulsões à deriva” no Sesc Caixeiral, em Parnaíba – PI. Em 2020, exibiu 6 pinturas no cinema Sala de Arte da UFBA entre fevereiro e março. Em 2021, foi selecionado para exposição no Festival de Arte Erótica (SEAF) em Seattle nos EUA, com uma pintura, no mês de outubro. Em 2022, foi selecionado para exposição no Festival de Arte Erótica (SEAF) em Seattle nos EUA, com uma pintura para o mês de abril. Realizou exposição individual em parceria com a galeria Yellow Frog no Hotel Ondina Apart. Foi também selecionado com uma pintura para o 19º Salão Nacional de Jataí em Goiás no mês de maio. Selecionado para o MUSA em São Paulo – SP, no mês de julho, expondo uma pintura na Galeria RG. Em 2024, selecionado para o 21º Território da Arte de Araraquara. Participou da exposição coletiva “Humanos” na galeria Alma. Selecionado com duas obras e com prêmio aquisitivo para o SAV (Salão de Arte de Vinhedos). Foi selecionado e recebeu prêmio para o 4º SAPF (Salão de Arte Pequenos Formatos) de Britânia. Em 2025, participou da exposição coletiva “Insurgências” na Galeria Canizares, Salvador-BA.
(sem imagens)
Antonio Miranda
Antonio Miranda (1968) é um artista brasileiro autodidata que começa seu trabalho em xxxx com a pintura e que posteriormente se desdobra e se solidifica na escultura. Nascido no Vale do Paraíba, em Pinheiral, Miranda é descendente dos Puris, indígenas originários do Vale e de africanos que vieram a coabitar a cidade mais tarde. Imbuído na mistura de culturas de sua região, o artista cresce e constrói uma visão de mundo baseada nas filosofias do Candomblé, religião que preserva, cultiva e inspira seus trabalhos constantemente. Em 94, se muda para São Paulo e passa alguns anos como assistente de xxx Gruber, onde desenvolve sua técnica de pintura e dá início a sua pesquisa artística.
Artista-catador, Antonio adentra o campo das esculturas usando a rua como fonte infinita e imprevisível de matérias-primas, que variam de madeiras à embalagens de isopor, criando um vocabulário de achados que ocupam diferentes papeis em suas construções. Forma-se uma linguagem composta por ready-mades e peças quebradas, que são combinadas, destruídas e rearranjadas para formar estruturas sutis e ao mesmo tempo grosseiras, que se equilibram entre o desconforto e maravilhamento, e escondem seu passado abandonado com a leveza do presente.
Emaranhados de teias, gorduras, peles, ossos e delicados pés, se confundem em corpos que habitam seu ateliê durante anos afio, até que seu autor resolva mexer em tudo e modificar obras de 20 anos, sem titubear. Nessa pratica diária, o artista acumula obras e pensamentos que se acomodam na liberdade do caos, sem perder a ternura.
No embate entre a beleza e a dor, Antonio forja seus corpos-obras sempre atravessado pelo horror de uma vida homossexual em uma sociedade conservadora. Seu passado e presente fazem com que a rua seja sempre um lugar de indiferença e paz, assim como os trabalhos que desenvolve, que escoam todo o emaranhado de crenças, medos, amores e ideias que habitam seu inconsciente.
Calçado em referências de arte africana ancestral, Miranda edificou um labirinto de obras que se encontram e desencontram no tempo e espaço. Famílias de trabalhos se cruzam nessa arvore genealógica de sua pesquisa formando uma profusão de esculturas de piso e de parede, que estão sempre vivas e dando origem a novas linhagens.
Ao longo de sua trajetória cultivou grandes amizades como a de Emanoel Araújo, com quem fez trabalhos junto e ajudou por anos no Museu Afro Brasileiro de São Paulo. Hoje, ainda em São Paulo, Antonio continua desenvolvendo sua pesquisa religiosamente e passeando pelas ruas do centro, com seu olhar atento e seu coração aberto.